10 Melhores Leituras de 2017

O prometido é devido, venha quando vier. A vida tem sido atribulada e a paciência para me sentar e escrever uma frase completa que faça sentido tem sido diminuta. Mas arranjei coragem (e uma grande chávena de café) para finalmente fazer justiça e trazer para aqui as melhores leituras do ano. Não fazia sentido deixar as desilusões ganharem tanto destaque quando são estes os livros que vale a pena enaltecer!

Como mencionei no post das desilusões de 2017 , o ano foi recheado de boas leituras. Mesmo assim, foi-me relativamente fácil listar aquelas que iriam parar ao Top 10. Apesar de ter classificado vários livros com 4 e 5 estrelas houve alguns especiais que me marcaram de uma maneira ou outra. É uma lista bem diversificada e que me deixa muito contente! Sem mais demoras, aqui vão os seleccionados:

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Desde que terminei de ler o último livro publicado de “A Guerra dos Tronos” – Dança dos Dragões – que fiquei imediatamente com vontade de recomeçar tudo de novo. Não é todos os dias que me aparece uma série que me prende assim tanto. Na impossibilidade de poder estar a reler uma série tão extensa tentei alguns atalhos como ver a série da HBO e ler os livros paralelos que o George R.R. Martin também publicou. Adorei ler as histórias adicionais que ele escreveu mas a série não durou muito tempo. Três temporadas e meia, na verdade. Não sou pessoa de séries, para minha infelicidade. E então descobri estas bandas-desenhada.  

Abençoado dia em que me deparei com elas, por acaso, na FNAC. São BDs muito bonitas (perdoem-me a falta de termos técnicas decentes mas banda desenhada não é a minha praia) e adaptações fiéis dos livros. Aliás, acho que os diálogos são exactamente os mesmos. Imaginem a minha felicidade. Um ponto alto de 2017, sem dúvida.

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Parece que li este livro há milhares de anos atrás e, no entanto, ainda me deixa um sorriso na cara cada vez que penso nele. É alegre e triste. É inocente e provocador. É simples e pesado. Uma história contada na pessoa de uma criança de 10 anos que vai descobrindo factos da vida: pessoas boas nem sempre recebem coisas boas e pessoas más nem sempre são castigadas e postas no lugar.

A religião é dos temas principais, se não o principal, e acredito que, para algumas pessoas, seja maçador. Mas eu gostei muito. Num livro (e mesmo num mundo actual) em que ostraciza e se olha de lado as religiões (e com razão) é engraçado ver o tom irónico com que se caracteriza Deus na história e as consequências de se lidar com uma entidade omnipotente mesmo quando as intenções originais são as melhores. Um livro recomendado a todas as pessoas deste planeta.

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“Se fosse o contrário… Se fosse eu que ficasse sempre jovem e o retrato que envelhecesse! Para isso, fazia tudo! (…) Até a minha alma daria!” – e aí, caro Dorian, está a tua maior asneira. Depois de ler este livro apetece-me ir buscar Oscar Wilde à cova, sacudi-lo e perguntar-lhe por que diabo nunca escreveu mais romances? Porque isto é a literatura britânica que eu preciso na minha vida. O humor britânico, minha gente, o humor britânico! 

Lord Henry, a melhor personagem deste livro, é a minha reencarnação vitoriana (bem, em alguns aspectos), e que gozo me deu ler este livro. É verdade que pode ser considerado o ‘vilão’ da história, mas este livro não é um retrato de pessoas boas e pessoas más. Oscar Wilde não julga os personagens, não classifica os seus actos como morais ou amorais, mas fá-los sentir na pele as consequências dos mesmos. “O Retrato de Dorian Gray” retrata a hipocrisia da alta sociedade inglesa que vivia de aparências para encobrir vidas lascivas e pecaminosas. Um romance onde Oscar Wilde põe muito de si próprio. A cada frase se percebe a luta do autor em falar da sua homossexualidade e das suas ideias sobre a delicadeza da alma. Recomendado a todos!
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Houve uma altura na minha vida, na adolescência, em que estava obcecada por consumir informação sobre o Holocausto. Acho que todos, mais cedo ou mais tarde, temos essa ânsia. Depois de alguns anos de intervalo, em 2017 voltei a pegar na temática. E que livro que eu fui escolher.

Quando li a sinopse pela primeira vez pensei que estava perante um livro de ficção. Porque não era possível, na minha cabeça, que tal fosse possível. Três mulheres que entram grávidas para campos de concentração e conseguem todas sobreviver à guerra; elas e os três bebés a quem entretanto dão à luz, debaixo do nariz dos nazis. Mas aconteceu mesmo.
Já todos conhecemos as atrocidades que a Segunda Guerra Mundial fizeram a 6 milhões de pessoas na Europa. No meio de tudo isso, este livro acaba por ter um final feliz, no meio da desgraça. É o retrato da coragem, luta e esperança de três jovens judias para quem o mundo desabou de repente e se voltou a reerguer quase por milagre. Não é uma leitura fácil, mas muito necessária!

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Eis o clássico preferido de tanta gente.  Depois de tanto ter ouvido falar dele, tive de tirar as minhas próprias conclusões. E foi, de facto, uma das melhores leituras de 2017. Animal Farm retrata com exactidão, em cerca de 100 páginas, uma alegoria da revolta comunista da Rússia nos inícios do século XX. E quando digo ‘com exactidão‘, falo a sério. Podem substituir os nomes dos animais – Mr. Jones, Napoleon, Snowball, Old Major – pelos correspondentes históricos – Nicolau II, Stalin, Trotsky, Lenine – e ficam com uma lição de história bem aprendida em uma hora.

Em termos de narrativa, deve ter sido o livro mais fácil de escrever na vida de George Orwell; é como ver um filme e ir descrevendo o que se passa. À semelhança do 1984 é um livro que ganhou destaque por ter sido publicado quando foi e por se manter intemporal. Se ainda estão para comprar este livro, recomendo que comprem uma versão que inclua o prefácio escrito pelo próprio Orwell (nem todas as versões incluem). É um complemento valioso que deve ser lido para se tirar o máximo partido da obra. Tirem lá duas horas do vosso tempo e peguem neste livro.

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Tenho pena de quem não é português nativo. Porquê? Porque nunca vai conseguir digerir na totalidade o brilhantismo das obras de José Saramago. Como a maioria das pessoas, o meu primeiro contacto foi com “O Memorial do Convento”. Não o detestei, pelo contrário, mas é verdade que naquela altura estava mais preocupada em passar no exame nacional com boa nota do que em desfrutar do livro.

A história em “Ensaio sobre a Cegueira” é bem simples: um pequeno grupo de pessoas fica repentinamente cego e, a pouco e pouco, vai transitando a deformação para outros indivíduos com quem vai interagindo. O ensaio não é mais do que Saramago a descrever a sucessão de eventos desde o aparecimento do fenómeno à quarentena dos afectados e, finalmente, à proliferação em massa. Sempre com uma linguagem deliciosa e um tom irónico, Saramago leva-nos numa viagem onde a cegueira física é apenas uma metáfora da cegueira carregada de preconceitos que já apresentamos diariamente para com os outros. Independentemente da interpretação que cada um faça da história, é impossível não retirar nada da leitura. Um livro e um autor must-read!

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Um ano que não tenha pelo menos um livro do Stephen King no topo das melhores leituras é um ano para deitar fora. Pior que isso só mesmo um em que não leia Stephen King.
Apesar de ser mais conhecido pelo Rei do terror (haha, quantas pessoas já não terão usado esta piada…), 11/22/63 não se insere nessa categoria. Neste livro, acompanhamos um professor que dá por si envolvido numa trama que o leva a viajar no tempo até 1958 com a missão de salvar o Presidente Kennedy de ser assassinado em 1963. Se isto não é plot que vos chame a atenção então não sei o que poderá chamar.

Depois de me desiludir com ‘Outlander’ (opinião AQUI) em 2017 fiquei com a pulga atrás da orelha no que toca a histórias de viagens no tempo. Mas este surpreendeu-me pela positiva e cativou-me desde o início. Mesmo quando a história começou a estancar em algumas partes nunca me deixou desmotivada, afinal, havia sempre a grande questão: ele vai conseguir salvar o Kennedy? E se sim, que consequências advirão daí?
Um dos melhores livros que li do autor. 2018 é para continuar a ler Stephen King e desta vez com a ajuda do projecto da Mafalda do canal “a outra mafalda“, “Leituras Conjuntas – Stephen King“! Começa já em Fevereiro com o “Cujo“, ainda desconhecido para a minha pessoa.

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Por que é que eu, gostando tanto de policiais e mistérios, cheguei aos 23 anos sem ter lido nada da senhora Agatha Christie? Este é um enigma que nem Hercule Poirot conseguiria desvendar, aposto. Felizmente, em 2017, o jejum foi saciado. Há já alguns meses que tenho vindo a coleccionar alguns volumes da famosa colecção “Vampiro Gigante (que não é propriamente bonita mas pelo menos é completa e barata) com o intuito de começar a leitura da obra inteira da autora.

E que melhor maneira de começar do que com o clássico “Um Crime no Expresso do Oriente”? Hercule Poirot viaja no famoso Expresso do Oriente com outros 13 passageiros a bordo quando, durante a noite, um deles aparece morto no seu camarote. A questão: quem foi o responsável?
O livro pode ser pequeno mas teve tudo o que eu poderia pedir: bons personagens, bom ambiente, bons motivos, boas deduções. Sem dúvida um óptimo começo na minha jornada literária com Agatha Christie! Para os interessados, fiz um Livro VS Filme com a versão que estreou o ano passado que podem ler AQUI.

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E por último um género literário com o qual me estreei em 2017: as distopias! Comecei de forma mais soft com o ‘Divergente’ da Veronica Roth e posteriormente, influenciada pelo companheiro, progredi para os dois grandes clássicos.  Ambos me arrebataram com os seus futuros imaginados apesar de serem bem diferentes. 1984 descreve um mundo onde a população é regida pela violência e a vigilância e controlo constante do Estado e do Big Brother. Em Brave New World, a tecnologia e a ‘criação’ de seres humanos geneticamente e psicologicamente modificados são o que mantém a sociedade controlada.

Por ter uma história mais elaborada e personagens com alguma profundidade com que nos possamos relacionar, 1984 levou a 5 estrelas para casa. Mas, embora não tão rico em termos de narrativa, ‘Admirável Mundo Novo’ não fica muito aquém. Teve inclusive direito a uma opinião própria aqui no blog que podem ler AQUI. Poderão lá encontrar também algumas das minhas considerações em relação à plausibilidade do mundo criado por Huxley comparando-o ao tempo contemporâneo. É um assunto sobre o qual acho muito interessante debater e reflectir. E é por essa razão que espero incluir mais distopias nos anos vindouros.

Obrigada pela vossa paciência! Isto de escrever um blog dá muito mais trabalho do que a minha cabeça ignorante me quis fazer pensar há uns meses atrás. Mas numa coisa acertei: é engraçado e criativo p’ra caraças.

Espero voltar em breve com as minhas leituras obrigatórias para 2018 e também alguns projectos nos quais penso participar. Depois disso, só Deus sabe. Avizinham-se dias difíceis no trabalho por isso não me venham cobrar os posts. Tenham piedade. E um bom ano para vós!

 

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