Já falei AQUI sobre os melhores livros que li em 2018 e é chegada a hora de nomear aqueles que não satisfizeram os meus apetites. Felizmente, o ano transacto foi tão benevolente que nem fui capaz de intitular este post de ‘Os Piores de 2018‘, porque a maior parte dos eleitos não são, de facto, maus livros – apenas desilusões. E se por acaso aparecer por aqui um dos vossos preferidos, no harm done, afinal isto são apenas as opiniões de uma gaja que não percebe nada disto.

Para manter a coerência com a lista dos melhores, trago-vos sete desilusões e ainda três menções honrosas (ou devo dizer, desonrosas?). Vamos então conhecê-los:

Um livro que dispensa apresentações nos dias que correm mas que hoje aqui aparece não pelos melhores motivos. O primeiro livro de Veronica Roth traz-nos o mundo distópico de Chicago onde a população é actualmente segregada em cinco diferentes fracções, consoante a sua personalidade. E só esta pequena descrição deveria levantar imediatamente algumas red flags sobre a verosimilhança de tal realidade. O mundo é parcamente estabelecido e/ou explicado, as personagens são pouco mais que estereótipos de adolescentes de novela e os pontos finais que o Saramago tem a menos esta narrativa tem a mais. O livro teve direito a uma opinião completa AQUI no blog, para a qual redirecciono quem estiver interessado em saber mais. Apesar de tudo, a história deixou-me intrigada o suficiente para continuar a ler a trilogia.

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Sabem que géneros literários é que eu gosto de ler? Thriller, drama, romance, acção, erótico. Sabem o que é que eu NÃO gosto de ler? Estes géneros todos enfiados num só livro. Infelizmente, ‘The Girl in 6E‘ acabou por ser isso mesmo, e por isso não é surpresa que aqui esteja. Se estiverem interessados em conhecer uma cam-girl profissional que não sai de casa há 3 anos porque tem uma fobia qualquer e que um dia tem de sair de casa em salvamento de uma criança raptada por um suposto pervertido que é cliente dela, então este livro é para vocês. Hum… relendo isto, até parece uma sinopse bem interessante… Mas não é, acreditem em mim. Eu também fui ao engano.

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Debati comigo mesma durante um tempo sobre se deveria ou não contabilizar este livro como uma desilusão literária de 2018… afinal, o que me deixou furiosa foi o filme que se baseou neste script. Mas, uma vez que acabei por ler também o livro e a história é exactamente a mesma (mas mais bem explicada) decidi que não seria justo deixá-lo de fora. Ai, ai… O argumento do primeiroFantastic Beasts não foi brilhante mas para uma história que eu já considerava desnecessária, não se aguentou mal. Mas esta continuação… por onde começar?

Já não aguento o Newt Scamander e só rezo para que ele desapareça de uma vez da série – afinal, já todos percebemos que isto não é suposto ser sobre ele. Queremos a história do Dumbledore e do Grindelwald, não precisamos de perder tempo com outros milhares de personagens que não interessam a ninguém – Leta Lestrange, o Auror senegalês, Nagini, Nicolas Flamel, etc. Há demasiadas pessoas aqui! E como não mencionar cenas tão disparatadas como o “regresso da memória” do Jacob ou o crânio holográfico que projecta imagens da Segunda Guerra Mundial? Há tanto para comentar que isto mereceria um post por si só. Vou parar por agora e rezar para que o restante rumo desta pentalogia seja um bocado mais focado e criterioso do que aquilo que tem transparecido até aqui.

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Se 2017 foi o ano em que a minha ‘admiração‘ pelo livros da Dorothy Koomson sofreu mais um abanão, 2018 foi o ano em que o mesmo aconteceu mas com a autora best-seller Jodi Picoult. O ano passado li mais dois livros dela e ambos tiveram a infelicidade de vir parar ao meu top de piores leituras do ano. Não é lá muito bom sinal, se querem a minha opinião.

“Terra de Espíritos” é um romance que envolve fantasmas, espíritos, milagres e demasiada actividade paranormal para o meu gosto. Ainda nos pecados dos excessos, o livro tem demasiadas páginas para a história que está a contar. É constituído por três partes alternadas entre passado e presente sendo que a última é praticamente desnecessária uma vez que pouco mais é do que uma recapitulação dos acontecimentos descritos na parte anterior. Para além disso, há demasiadas personagens e quase nenhuma delas é interessante o suficiente. A história é tão memorável que dois meses depois já não me lembrava de metade.
Mas posso dizer que não foi de todo uma perda de tempo; parte do livro é dedicada a explorar um período mais negro da história do estado de Vermont – o projecto eugénico dos anos 30, que levou à esterilização de dezenas de pessoas consideradas reles (alcoólicos, deficientes, débeis mentais, etc) e que viria a influenciar a política anti-semita de Adolf Hitler. Quase que vale a pena ler este calhamaço só por essas páginas. Quase.

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Será de mim ou é muito difícil encontrar um bom romance erótico no meio de toda a badalhoquice mal escrita que é para aí publicitada? É certo que as minhas pesquisas de mercado nunca vão muito fundo mas asseguro-vos que não li até hoje UM romance erótico que considerasse interessante e credível. E a parca amostra que trago no currículo é praticamente indistinta entre si tal é a quantidade de clichés que partilham: o homem que é sempre muito bem “dotado”, a mulher que tem um orgasmo em todas as cenas, os orgasmos simultâneos em todas as cenas, a menina virgem e inexperiente, a menina que acha que é feia porque usa copa B e tem uns olhos demasiado grandes, o casal que está excitado e se decide exercitar onde quer que esteja (seja a cozinha, o carro, o confessionário, a fila no talho)…
Se estou a falar tão pouco do livro “Priest” é porque não há, de facto, muito a dizer. Deixem-me fazer uma sinopse rápida: “Um jovem e atraente padre está a fazer as confissões habituais a que a sua profissão obriga quando uma jovem voluptuosa e sensual entra para confessar os seus pecados.”. Qualquer cena que vos tenha passado pela cabeça com um cenário destes, aconteceu. Juro.

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Oh Zé, oh Zé… Houve uma altura em que me deixaste tão entusiasmada quando anunciaste uma nova trilogia de romances históricos, e depois fazes-me isto! Lembra-me a altura em que rezei para que J. K. Rowling lançasse novo material de Harry Potter e depois apareceu ‘The Cursed Child’… e depois ‘Fantastic Beasts’… Começo a achar que tenho de ter cuidado com o que desejo.
Um português, uma russa, uma chinesa e um japonês entram num bar são os protagonistas desta “trilogia” que vai acompanhando os panoramas políticos e sociais dessas grandes potências (e Portugal) ao longo da primeira metade do século XX.

Esperávamos desde o início que as personagens se cruzassem em algum momento da história, momento esse que acreditávamos ser em “O Reino do Meio”, por ser o último volume da série… excepto que afinal não é. Aparentemente foi mais importante focar metade do calhamaço no caso amoroso entre o português e a sua amante para culminar num drama familiar tão ridículo que acho que nem a TVI teria coragem de adaptar para uma novela. Mas – hey – a boa notícia é que já está nas livrarias “A Amante do Governador“, o “verdadeiro” final desta série?  E estão todos muito empolgados, não é verdade? Pois, bem me parecia.

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Se me chateei com o José Rodrigues dos Santos por me desiludir com a sua trilogia do Lótus, então o que dizer do Stieg Larson? Esse cavalheiro tem a audácia de conceber a minha personagem feminina preferida da literatura e de prometer uma colecção de 10 volumes para falecer ao fim dos três primeiros? Imperdoável.

Brincadeiras à parte, é claro que fiquei muito triste quando soube que o criador da Lisbeth Salander tinha falecido. A esperança rejuvenesceu, relutantemente, quando se anunciou que David Lagercrantz iria continuar a série e, para vos ser sincera, eu até gostei do “A Rapariga Apanhada na Teia da Aranha“! Mas este quinto volume… digamos que começa a ser difícil perdoar certas coisas. Os protagonistas são postos de lado para se contar as histórias de pessoas aleatórias e há diálogos e cenas tão mal escritas que sou obrigada a questionar os esforços que o David Lagercrantz está a alocar a este projecto. Para os interessados, tenho uma opinião completa aqui no blog deste livro que podem ler AQUI.

MENÇÕES (DES)HONROSAS

(clica na imagem para mais informação) 

Como mencionei no início, sabemos que tivemos um bom ano de leituras quando nem temos coragem para chamar “maus” aos livros de que gostámos menos: são apenas desilusões. E essas vão estar sempre presentes na vida, em qualquer vertente ou circunstância.
A questão é: aprendemos alguma coisa com elas? Será que vou desistir dos livros da Jodi Picout ou do José Rodrigues dos Santos? Será que devo rebuscar novos livros eróticos? Será que devo continuar a pedir mais livros da J. K. Rowling? (Não, a resposta é não.) O tempo o dirá, caros amigos, o tempo o dirá.

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3 Comments

  1. Quando as desilusões têm avaliações como 3 e 3,5, não pode ter sido um ano mau 🙂

  2. Não me posso mesmo queixar (muito) ! 😀

  3. Eu vou para as continuações de 'Divergente' já a esperar muito pouco, sinceramente. Toda a gente diz que a qualidade vai decrescendo, já só quero ler mesmo por curiosidade.

    Eu queria muito adicionar alguma literatura erótica ao meu currículo mas confesso que tem sido difícil encontrar alguma coisa de jeito. O mercado está infestado de porcarias mal escritas que de erótico per se têm muito pouco; são só badalhocas e ridículas. Estou aberta a sugestões! :p E obrigada pelo elogio >.<

    Eu gosto muito dos livros do Stieg Larson, mas acho que é daquelas colecções em que me atrai mais as personagens do que as histórias em si. É-me difícil não ler coisas onde entre a Lisbeth Salander, gosto demasiado dela 🙂

    Beijinhos, e obrigada por visitares! 😀
    (P.S. – está nos teus planos criar conta no Bloglovin para o teu blog?)

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