Há uns dias vi a “Mid Year Boook Freakout TAG” da Emily Fox e foi só aí que caí em mim: metade do ano já passou e eu não faço ideia de para onde foram os últimos três meses. Desde 17 de Março que estou em regime de tele-trabalho mas acho que só agora é que a paranóia me está a bater. Acabei por ter a sorte e a oportunidade de vir passar o isolamento a uma casa de campo, onde tive sempre liberdade para passear e desanuviar. No entanto, não consigo deixar de pensar que deixei a minha vida em pausa e que não consigo progredir nada enquanto o regime de quarentena se mantiver.
Mas bom, acho que já se vê luz ao fundo do túnel, apesar de tudo. Daqui a umas semanas volto para a minha querida cidade de Coimbra e posso dedicar-me a full-time à grande empreitada do ano: descobrir uma boa casa para arrendar que não envolva a venda dos meus órgãos internos. As expectativas não estão muito por aí além, mas cada coisa a seu tempo. Agora vamos mas é falar das leituras do primeiro semestre:
Não podia deixar de mencionar aquela que vai muito provavelmente ser a minha série preferida do ano, “The Witcher“, que ainda não acabei mas que pretendo terminar nos próximos meses. “A Espada do Destino” acaba por ser uma sequela fora do habitual porque, à semelhança do predecessor, é um livro de contos temporalmente e espacialmente desconectados uns dos outros. No entanto, são histórias fantásticas que nos levam a conhecer melhor Yennefer, a feiticeira que veio agitar o mundo de Geralt e deixar-nos a todos com os nervos à flor da pele. Se ainda não sabes se esta é uma série para ti, podes sempre ler a minha opinião dos primeiros quatro livros.
Não prometo que seja a última vez que “The Witcher” vá aparecer neste post, mas também não tenho culpa que a série seja tão boa. De forma totalmente inesperada, pelo menos para mim, a editora “Saída de Emergência” anunciou a publicação da primeira parte do mais recente livro de Andrzej Sapkowski, “A Senhora do Lago”, já disponível em pré-venda. Sim, é mais um título que sofre da maldição portuguesa de dividir livros em dois (cada um pelo preço escabroso a que já estamos habituados) mas acho que esta é uma batalha que temos de nos dar por vencidos. Vá lá que entretanto já recebi o reembolso do IRS.
Há uns meses atrás publiquei a minha opinião sobre “Divergente“, o primeiro livro da trilogia de Veronica Roth e, pasmem, não fiquei fã. Para mim o mundo distópico apresentado era um bocado palerma e a acção que se foi desenrolando foi demasiado cliché. Para meu azar, quando comprei o primeiro livro comprei também as duas sequelas, na esperança de que o hype à volta daquilo fosse justificado. Portanto, parti para “Insurgente” com as expectativas muito em baixo, a achar que isto do primeiro só poderia piorar. Qual não é a minha surpresa quando dou por mim a gostar razoavelmente do livro. E aquele final surpreendeu-me, não estava de todo à espera. É uma pena que o último volume, “Convergente“, tenha sido uma desgraça mas, pelo menos, o livro do meio foi um imprevisto muito bem-vindo.
“O Sangue dos Elfos” marca o início “a sério” da história prosaica de “The Witcher“, onde ficamos a conhecer melhor e a acompanhar o treino da princesa Cirilla, a protegida de Geralt. Mas não é de Ciri que quero falar (e se vocês são daqueles que shipam a Ciri e o Geralt, repensem a vossa vida), mas sim da feiticeira Tris Merigold. Apesar de ter passado grande parte da sua vida envolvida em intrigas políticas, Tris foi durante alguns anos como uma irmã mais velha para Ciri, ajudando-a no início da sua formação como bruxa. Apaixonada por Geralt, Tris acaba por não ser muito feliz nessa relação porque por alguma razão o bruxo gosta de ser o brinquedo de Yennefer. De qualquer modo, e mesmo sabendo que é uma relação sem futuro, acho que vou preferir Tris em detrimento de Yennefer até ao fim dos tempos.
Isto há coisas do Diabo. Anda uma pessoa há anos a namorar as edições ilustradas de Harry Potter até desistir porque são demasiado caras e porque, na verdade, ninguém precisa de ter quatro edições diferentes de uma só série, certo? E não é que no meu aniversário pessoas diferentes me decidiram oferecer dois livros ilustrados? Os meus pais presentearam-me com “Harry Potter e o Cálice de Fogo” e as minhas amigas com o meu preferido, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”. E nada disto foi combinado! Vá lá que não calhou oferecerem-me o mesmo!
E assim se resumem os primeiros seis meses deste ano de loucos. Parece que esta quarentena anda a ser aproveitada de forma diferente pela a comunidade literária mundial: uma parte anda a ler como nunca e outra vê-se grega para conseguir terminar um livro sequer. Felizmente insiro-me no primeiro grupo e espero que desse lado também não estejam a passar por nenhuma ressaca literária. Ou, se estiverem, espero que tenham conseguido aproveitar o vosso tempo para fazer coisas que gostam e que precisavam fazer. Mas, acima de tudo, espero que se encontrem todos de boa saúde, vocês e os vossos. Vemo-nos para a semana 👋