Do Pior ao Melhor – Agatha Christie

[ÚLTIMO UPDATE – 28/04/19]

Bem vindos, caríssimos, à inauguração da rubrica “Do Pior ao Melhor“, um projecto que já tinha em mente ainda antes de criar este blog! A teoria é simples, a prática nem tanto; criar um ranking de todos os livros de um autor,  ordenado do pior para o melhor, tudo segundo a minha humilde opinião.

É fácil perceber por que é que, na prática, isto não é tão trivial de se fazer; é difícil lembrar-me com clareza suficiente de todos os livros que fui lendo ao longo dos últimos anos. E não me parece justo estar a criar rankings meio baseados em opiniões que estão já muito pouco nítidas na minha mente. O que significa que teria várias releituras para fazer antes de me aventurar nisto… mas o tempo não dá para tudo.

Tomei, portanto, a decisão de começar devagarinho e ir adicionando, a pouco e pouco, os títulos que vou (re)lendo. Decidi apanhar boleia do projecto da Elisa ‘Miúda Geek‘ de ler todos os livros da Agatha Christie e inaugurar a rubrica com ela mesmo, a rainha dos policiais. 

Li ainda muito poucas obras da senhora, mas vamos com o que temos. Não se esqueçam de vir visitando o ranking para acompanharem as actualizações. De 3 em 3 anos parece-me suficiente.

 

#12 – O Mistério de Listerdale
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Este livro não é tanto um policial mas sim uma colectânea de 12 pequenos mistérios. E por isso é que o ponho tão baixo na lista. O livro é pequeno, significando que os contos em si têm também muito poucas páginas, o que para mim não é suficiente para desenvolver uma intriga interessante. Sobressai um ou outro mas, no geral, são contos previsíveis e pouco marcantes.

#11 – O Homem de Fato Castanho
Goodreads | Wook
Este foi o segundo livro que li da autora que não se encaixa totalmente no género policial e sim numa vertente mais de thriller. Nele seguimos Anne Beddingfield, uma jovem carismática e aventureira que, após ficar orfã e sem estabilidade financeira, se vê envolvida numa trama que envolve roubos de diamantes e redes mafiosas internacionais. Eu já não gosto de ler livros que envolvam crimes e pedras preciosas mas, mesmo ignorando isso, este livro não me cativou muito. Há demasiados nomes de personagens e de localidades a ser mencionados, tornando o enredo um bocado confuso. O que não é um problema particularmente grave porque dá para perceber bastante cedo quem é o vilão da fita. E olhem que eu costumo ser muito tapada nestas coisas de descobrir o responsável. Não me surpreendeu em quase nada e não me fez querer saber de nenhuma das personagens; provavelmente daqui a umas semanas já nem me lembrarei de quase nada. É possível que esteja a ser demasiado ‘severa’ para com este livro, talvez até o tenha lido numa altura não tão favorável… De qualquer modo, considero-o um thriller decente para quem procurar uma leitura leve e rápida; a mim, não me marcou de forma nenhuma.

#10 – As Investigações de Poirot (aka ‘Poirot Investiga’)
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Mais uma colectânea de 11 contos, desta vez todos protagonizados por Hercule Poirot e o capitão Hastings. À semelhança de ‘O Mistério de Listerdale‘, os mistérios são muito curtinhos e, por essa mesma razão, não me interessaram por aí além. Claro que é sempre engraçado acompanhar a arrogância do detective (acho que em alguns pontos cheguei a ter pena do Hastings, quem diria!), mas não é o suficiente, para mim, para salvar histórias que se tornam pouco interessantes uma vez que se descobre a fórmula – mistério aparece, Hastings diz qualquer coisa, Poirot goza, Poirot aparece na última página a desvendar o crime a partir de uma série de pistas criadas do nada. Não foi uma leitura tediosa, só vazia e esquecível.

#9 – Os Quatro Grandes (aka ‘As Quatro Potências do Mal’)
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Apesar de ser protagonizado pelo emblemático Poirot, este é até agora o livro do detective belga de que menos gostei. Assim que soube que se tratava de uma organização mundial cujo principal móbil era ‘conquistar o mundo‘, fiquei logo de pé atrás – não gosto de quando os detectives citadinos e pacatos de que tanto gosto se têm de envolver em esquemas grandiosos e demasiado complexos. E não só o assunto não me prendeu como toda a estrutura do livro fez esmorecer constantemente o meu entusiasmo; a história é excessivamente longa e há tantos pequenos mistérios a acontecer que mais parecia estar a ler um livro de contos. Claro que não é um mau livro, mas é um que hei-de esquecer com relativa facilidade e sem muito ressentimento. Mas há que ressaltar o grande ponto positivo deste livro para mim: aumentou o meu respeito para com o Hastings, que aqui sim demonstrou a sua valentia e lealdade para com o seu amigo!

#8 – O Mistério do Comboio Azul
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Mal sabia Poirot que esta não seria a sua última aventura relacionada com comboios. Quando uma mulher é encontrada morta e desfigurada num camarote do Comboio Azul, Hercule Poirot ajuda a Polícia francesa a desvendar o caso. Desta vez sem a ajuda de Hastings (felizmente), o detective investiga aquilo que rapidamente passa de um conflito doméstico a um crime mais organizado e potencialmente mais perigoso. E penso que foi por isso que este livro não me agraciou tanto; temos demasiadas personagens, o próprio Poirot só aparece ao fim de uns seis capítulos e a trama parece estender-se demasiado para no fim ter pouco de surpreendente. Um policial de qualidade, sem dúvida, mas longe de representar o que de melhor têm as histórias do famoso detective belga.

#7 – O Misterioso Caso de Styles (aka ‘A 1ª Investigação de Poirot’)
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O primeiro livro de Agatha Christie é também o livro em que somos apresentados a Hercule Poirot, o detective de icónico bigode e cabeça de ovo conhecido por resolver os mistérios que ninguém resolve, fazendo sempre uso das suas “células cinzentas” e de “ordem e método”. Quando uma rica filantropa é assassinada na própria casa, Poirot junta-se ao seu grande amigo Hastings para desvendar o caso, formando-se assim uma dupla que se viria a encontrar mais do que uma vez no futuro. Apesar de não ter ficado maravilhada com os capítulos finais e com o próprio Hastings, gostei dos raciocínios e pistas que foram sendo plantados ao longo da história. E, claro, a personalidade do Poirot não deixa nenhum leitor indiferente. Não é, para mim, um livro memorável, mas está muito longe de ser um policial aborrecido ou mal escrito.
#6 – O Adversário Secreto (aka ‘O Inimigo Secreto’)
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Este é o livro que apresenta a dupla Tommy e Tuppence, dois jovens ingleses que se vêem em dificuldades financeiras e têm a ideia original de fundar a sua empresa de detectives. Jovens, inocentes mas cheios de si, cedo se vêem envolvidos numa perigosa aventura envolvendo interesses políticos e documentos que podem deixar a Inglaterra em maus lençóis.  É um livro que dificilmente se larga depois de se lhe pegar, as peripécias e as revelações conduzem-nos quase que automaticamente para o capítulo seguinte sem nos fazer pensar muito. O mistério em si não é propriamente surpreendente, mas foram sem dúvida as personagens que tornaram esta leitura um deleite. Quero mais desta dupla!

#5 – O Homem Que era o Número 16
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Até ter chegado a este volume, a minha experiência com os mini-contos da autora estava longe de ser memorável; por isso mesmo, a expectativa para este título rasava o mínimo dos mínimos. É por isso com a maior das alegrias e surpresas que vos digo que este foi provavelmente o livro de mini-histórias de detectives que mais gostei de ler até então. Apesar de existir um fio condutor a ligar todos os 21 contos, cada um tem o seu mistério e a sua dose de humor proporcionada pela dupla Tommy e Tuppence. Não só me diverti com o peculiar casal como ainda acabei por elencar uma bela lista de detectives “famosos” que me eram totalmente desconhecidos: irmãos Okewood, Thorney Colton – um detective cego, Dr. Thorndyke, Inspector Hanaud, etc. Um livro que vale muito a pena ler pelos seus protagonistas e pelas aventuras em que se metem.

#4 – Poirot, o Golfe e o Crime (aka ‘Crime no Campo de Golfe’)
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Do original “The Murder On The Links”, este é o livro que contra a segunda aventura de Hercule Poirot e, infelizmente, do seu amigo Hastings. Depois de receber uma carta de um potencial cliente, a dupla viaja para França, só para descobrir que esse mesmo cliente está agora morto e que foi aberta uma investigação para averiguar o crime.
Mesmo estando cansada como estava na altura, foi um livro que li em dois dias, tal era a curiosidade. Gostei do mistério, do processo de investigação e, claro, das deduções de Poirot, que são sempre espectaculares. No entanto, o twist final pareceu-me meio desnecessário, como se estivesse ali só para ser mais uma reviravolta e surpreender o leitor, o que, para mim, não resultou muito bem. E se eu já gostei pouco do Hastings no primeiro livro, aqui a coisa não fica melhor, com sua excelência a tecer críticas a Poirot (apontei pelo menos quatro), seu suposto amigo, mal conhece um outro detective que por lá aparece para fazer concorrência (e que acaba por ser irrelevante). Felizmente, dado o final do livro, pode ser que o passe a ver menos vezes por estas bandas…
No geral, considero este livro um policial muito bom, mais do que recomendado, mas que poderia ter sido melhor se cortasse algum do enredo e desenvolvesse melhor algumas personagens.
#3 – O Segredo de Chimneys
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Um livro pelo qual eu não daria nada mas que me surpreendeu bastante pela positiva. Tudo começa quando Anthony Cade viaja para Inglaterra para entregar uma encomenda, mas cedo percebe que o que não passava de um simples favor o coloca no trilho de aventuras políticas que envolvem assassinatos, instaurações de repúblicas e manuscritos perdidos. Um livro viciante, com um desfecho que me deixou surpresa. Peca apenas pela quantidade exagerada de personagens e de carga política, na minha opinião.

#2 – Um Crime no Expresso do Oriente
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Cá está ele, pois claro. Um dos mais célebres livros da autora e do seu querido Hercule Poirot, e com razões para tal. Quando um passageiro é assassinado durante uma viagem do extinto Expresso do Oriente, cabe a Poirot juntar as peças e descobrir qual dos outros 12 passageiros é que andou a portar-se mal durante a noite. Não se pode dizer que seja um policial perfeito – é meio parado e o que mais fazemos é ler os depoimentos dos vários personagens sem nunca termos acesso às suspeitas do detective. Mas o final único e inesperado faz-nos esquecer de todos os aspectos menos positivos.  Um mistério que muito dificilmente se esquece.

#1 – O Assassinato de Roger Ackroyd
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Surpresa, só que não. Este livro é considerado por muitos o melhor policial da autora e agora percebo porquê. À semelhança de “Um Crime no Expresso do Oriente”, temos um final difícil de prever e de esquecer. Mas esta história de Poirot conquistou-me mais do que o segundo lugar da lista pelo facto de nos fazer sentir muito mais imiscuídos na história. Fez toda a diferença ter um Dr. Sheppard para nos trazer uma perspectiva com mais ‘participação’ nos eventos; aliado à revelação final, foi um facto diferenciador para me fazer considerar este livro o meu preferido de Agatha Christie!

8 Comments

  1. Muito interessante este teu projeto. E obrigada por participares no meu, também. Já acabei o Misterioso Caso de Styles e adorei!

  2. Obrigada! O meu exemplar chegou ontem, amanhã começo a ler 😀 O teu projecto vem mesmo a calhar, quero muito ler a obra toda da Agatha Christie! Tenho muito com que me entreter nos próximos tempos! 🙂

  3. Olá!
    Adorei esta rubrica, é uma ótima ideia. Acabei de descobrir o teu blog e gostei bastante.
    Relativamente aos livros em si, tenho Um Crime No Expresso do Oriente aqui para ler mas, nem eu sei bem porquê, ainda não o fiz. Tirando isso, li da autora As Dez Figuras Negras e simplesmente adorei, é um livro muito bom e surpreendente.
    Boas leituras.
    – Mad (http://presa-nas-palavras.blogspot.pt)

  4. Olá Mad, muito obrigada, fico muito contente por teres gostado 😀

    Muita gente fala do "As Dez Figuras Negras", mas ainda não o tenho na minha colecção. Quero ter todos nas mesmas edições, e esse ainda não encontrei. Quase todos falam bem dele, claro que estou com imensa curiosidade! 😀

    Boas leituras! (o teu blog já conhecia, sou seguidora! :D)

  5. Adorei a ideia, mas que tem uma execução difícil lá isso tem!
    Da tua lista, ainda só li 4: A Primeira Investigação de Poirot, O Adversário Secreto, Um Crime no Expresso do Oriente e O Assassinato de Roger Ackroyd. E adorei todos! Recomendo também A Casa Torta

  6. Desculpa a demora, só agora é que vi este comentário :'(

    É verdade! (Quase) Todos os do Poirot são boas apostas, mas o Tommy&Tuppence têm-me surpreendido pela positiva 😀
    "A Casa Torta" não conheço, mas eventualmente hei-de lá chegar!

    Beijinhos 🙂

  7. Opa, curti este blog, muito bom mesmo, eu até fiz uma lista parecida do pior ao melhor.

  8. Ora, muito obrigada 😀

    Parece que em comum só temos "O Misterioso Caso de Styles" e "Um Crime no Expresso do Oriente", em posições parecidas. Espero que com o tempo consigamos posicionar todos os títulos! Estamos juntos na luta 😀

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