Ahhh, Harry Potter. A história que marcou 80% da geração nascida nos anos 90 e que continua a ganhar seguidores nos dias de hoje. Posso não me orgulhar de ter crescido na época em que usar calças de bombazine era aceitável e em que toda a gente conhecia as letras do High School Musical de cor, mas por uma coisa eu estou eternamente grata: poder ter acompanhado ‘em directo’ o desenvolvimento da série literária mais popular do mundo. Juntos, (nós, os fãs) chorámos as mortes do Sirius, do Dumbledore, do Dobby e outros que tais, rejubilámos quando o Senhor das Trevas foi derrotado e, acima de tudo, praguejámos quando percebemos que o último livro não continha nenhuma menção a uma morte horrorosa da Umbridge.
Já parece cliché falar do quanto Harry Potter marcou a minha vida, mas dizer o contrário seria mentir. Ter tido a sorte de encontrar ‘A Pedra Filosofal’ numa estante cá de casa, aos 9 anos, abriu-me as portas para o fantástico mundo da literatura que até hoje me acompanha, e que por muitos mais anos me acompanhará, espero. E, em memória desse feito, todos os anos cumpro religiosamente o ritual de reler a série inteira. Este ano, pela primeira vez, decidi fazer o ritual com os livros em inglês.
Comecei exactamente este ano a adquirir as edições comemorativas dos livros (ver imagem anterior) que a editora britânica lançou, com capas muito bonitas mas claramente mais infantis. Continua a ser o meu desejo coleccionar as edições originais em capa dura da Bloomsbury, mas isso é um assunto pendente entre mim e a minha carteira. Primeiro, vamos tod@s concordar que o Hagrid está particularmente assustador nesta nova capa? Nossa Senhora.
Não vale a pena perder tempo com resumos da história uma vez que já toda a gente a conhece. Harry Potter descobre que existe todo um mundo paralelo com feiticeiros e magia, ao qual ele tem a sorte de pertencer. Neste primeiro livro acompanhamos o rapaz de 11 anos pelo seu primeiro ano em Hogwarts e vamos aprendendo, ao mesmo ritmo que ele, tudo o que esse novo mundo esconde. Se há livros que valem a pena reler, este é sem dúvida um deles, principalmente depois de lermos toda a série. É incrível a quantidade de pormenores que a J.K. Rowling já tinha adicionado neste livro e que nos remontam para todos os acontecimentos que vão acontecer no futuro. Este encadeamento lógico e sequencial de pequenas pistas que existe ao longo dos livros é das coisas que mais me faz adorar a série: as coisas não caem do ar ou ‘simplesmente acontecem’.
O facto de não dar 5 estrelas a este livro depende apenas do factor ‘comparação’. Depois de ler os outros livros, não consigo colocar ‘A Pedra Filosofal’ no mesmo patamar de perfeição. As personagens são ainda muito infantis (como é suposto serem, só têm 11 anos!!) e parece que a história avança demasiado depressa para o meu gosto. Tudo pormenores que são resolvidos, na minha opinião, nos livros seguintes. Apesar de tudo, ‘Harry Potter e a Pedra Filosofal’ é para mim um tesouro literário e é sempre uma das minhas primeiras respostas quando crianças e jovens me pedem sugestões de livros (ok, nunca ninguém me pediu a opinião, mas ficam a saber que é).
- Foi o próprio Dumbledore que ensinou a McGonagall a tornar-se um Animagus quando ela ainda era estudante em Hogwarts, então por que raio fica ela tão surpreendida no primeiro capítulo quando o Dumbledore a reconhece na sua forma animal?
- Também no primeiro capítulo, o Dumbledore pergunta à Minerva se ela quer um ‘sherbet lemon’, um rebuçado de limão muito popular entre os Muggles mas que ela aparentemente desconhece. Duas questões aqui: a McGonagall viveu vários anos como Muggle, sendo filha de um, estará assim tão unaware dos doces dos Muggles? E o que significa isto de ser um doce popular entre os Muggles? A comida não deveria ser igual entre pessoas normais e feiticeiros? Feiticeiros não comem Kinder Bueno, Mars ou Snickers? Têm supermercados especiais para eles porque são demasiado bons para um Pingo Doce? Quem me dera ter mais clarificação sobre este assunto..
- No Reino Unido, é permitido a feiticeiros casarem com Muggles e revelar-lhes a sua condição (afinal, mais cedo ou mais tarde os seus filhos têm de ir para Hogwarts). Como é que é possível, nestas situações, conseguir manter todo o anonimato do mundo da magia? Tenho a certeza que há sempre um Muggle ou outro que vai cair na tentação de desabafar com uma BFF que o cônjuge consegue fazer coisas mágicas. E como é que os pais Muggles explicam as longas ausências dos filhos, uma vez que deixam de frequentar escolas normais para ir basicamente para um colégio interno? Há demasiadas complicações nisto tudo. Os americanos é que foram espertos: proíbe-se o casamento entre as duas ‘espécies’ e assim se põe uma rolha no assunto.
- Eu percebo que feiticeiros não precisam de aprender física, biologia, história ou geografia, mas 11 anos não será uma idade um bocado precoce para abolir certas disciplinas da vida das crianças? Eu conheço gente da minha idade que não sabe distinguir entre “á” e “há”, e estes miúdos estão prontos para escrever dissertações de 20 cm e ler livros de 600 páginas? Give me a break.
- A carta de Hogwarts diz que os alunos podem levar um gato, um sapo ou uma coruja. O que é que torna o Ron tão especial para poder levar um rato? Ainda por cima um rato que é um homem assassino?
- Como é que é feita a eleição do Ministro da Magia? Não deviam existir partidos com pareceres e candidatos diferentes? E quem são os eleitores? Todos os feiticeiros? Criaturas mágicas como centauros e duendes podem votar também?
- Por que é que nunca ninguém pegou na ideia do Lembrador e decidiu transformá-lo em algo realmente útil? Não sei, que tal, por exemplo, de facto dizer do que é que a pessoa se esqueceu?? E também, como raio é que estes objectos funcionam?! Como é que eles sabem do que é que uma pessoa se esquece ou não? Conseguem ler a mente das pessoas e vão mantendo um histórico? E o Chapéu Seleccionador, como é que funciona? Consegue ler os pensamentos todas das pessoas, ter acesso às suas memórias? Estamos a falar aqui de magia altamente complexa que não me parece estar a ser usada da maneira mais inteligente possível (catalogar miúdos de acordo com as suas potenciais qualidades, a sério?).
- Por que é que ninguém, principalmente as pessoas vindas de famílias Muggles, questiona as técnicas medievais que são empregues em Hogwarts? Ok tudo bem, telemóveis e televisões não funcionariam por causa da magia, mas o que é que há de errado com usar canetas?? Ninguém acha estranho ter de transitar de um mundo com Play Stations para outro com magia mas onde se usam penas e tinta para escrever? You can have the best of both worlds, people!!
- Quando o Harry encontra o Draco na Diagon-All, este diz que joga Quidditch em casa com regularidade, e que vai tentar convencer o pai a comprar-lhe uma vassoura para levar para Hogwarts. Se joga Quidditch em casa, já não tem vassouras?! Depois descobrimos que ele sabe voar, por isso é óbvio que treina em casa. Para que raio precisa de ir tentar convencer o pai a comprar uma vassoura se já tem?
- É dito no livro que o Harry chega a Kings Cross às 10h30, meia hora antes da partida do comboio. E querem fazer-me acreditar que todo esse tempo o Harry está parado ao lado da plataforma 9 e 3/4 e não vê nenhum outro aluno a passar?? Os primeiros que aparecem são os Weasley, quando faltam uns 5 minutos para a partida? Onde estão os outros 400 alunos da escola, vai tudo de véspera para a estação?
- A primeira fala da Sra. Weasley é a perguntar qual é que é a estação. Esta é a primeira fala da feiticeira que andou 7 anos em Hogwarts e que já teve 5 filhos na escola. Era só isto.
- Quando o Harry, a Hermione, o Neville e o Draco vão para o castigo da floresta, muito se fala de existirem lobisomens na floresta, chegando mesmo o Hagrid a comentar que não deve ter sido um lobisomem a matar o unicórnio porque não seriam rápidos o suficiente. Estamos a falar de lobisomens!! Lobisomens não são animais, são pessoas normais que, na lua cheia, se transformam em criaturas lupinas!! Não me parece propriamente viável que existam lobisomens a deambular pela Floresta..
- Onde raio é que andavam os professores todas na noite em que o Quirrel deixou o troll entrar? O Harry e o Ron tiveram tempo de chegar às casas de banho, trancar o troll, destrancar o troll, lutar com ele e ainda pô-lo a dormir. Onde diabo andavam os professores?? O Snape é explicado posteriormente que foi atrás do Quirrel para o terceiro andar, e mesmo assim é ele quem aparece na casa de banho com a professor McGonagall!! Onde está o director, onde está o resto do pessoal? A ressacar??
- O Draco descobre o dragão do Hagrid, mas anda semanas sem fazer nada com essa informação, porquê? Bastaria ter ido ter com um professor e contar, uma vez que o Hagrid manteve o Norbert na cabana esse tempo todo.
- Por falar em Norbert, que raio de protecções é que esta escola tem (ou que não tem) para permitir que 4 marmanjos apareçam a voar de vassoura e carreguem um dragão com eles? Portanto, aparentemente, é possível ir e vir de Hogwarts de vassoura? Trusting world.
- Os desafios que protegem a Pedra Filosofal. É só isto. Toda a anedota que são os desafios que protegem a ÚNICA pedra filosofal da terra, que transforma qualquer coisa em OURO e dá o ELIXIR DA VIDA. Querem que eu acredite que a melhor solução que encontraram para proteger tal artefacto envolve um jogo de xadrez, uma corrida entre vassouras e chaves e um enigma daqueles tirados dos almanaques de desafios que vêm com a revista Visão de vez em quando?? Sendo esse enigma criado pelo professor Snape?! AHAHAHAH, just no. Mesmo que o Dumbledore quisesse em segredo manter a coisas simples para o Harry conseguir chegar ao Quirrel, duvido que os outros professores concordassem com estas condições.
- E, finalmente, só um comentário ao quão scumbag o Dumbledore foi no final, a tirar pontos do ar para dar aos Gryffindor, só porque ele é o director e ele decide quem ganha. Tenho de dizer, se eu fosse Slytherin, ficaria a odiá-lo para sempre.
E foi isto pessoal. Desculpem o post longo, mas sobre Harry Potter há sempre tanto para falar! Mais do que cumprir o meu ritual anual, este livro serviu também para riscar dois desafios das maratonas em que estou a participar! É tempo de prosseguir, e continuar a cumprir desafios!
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