Longe vai o tempo em que Dia do Pai era sinónimo de passar algumas horas no ATL da escola a fazer aqueles trabalhos manuais que nós, crianças inocentes, achávamos espantosos e originais mas que, na realidade, consistiam sempre nas mesmas ideias recicladas uma e outra vez. 

Felizmente, isso não durou muitos anos; e digo felizmente pelo meu pai que, coitado, já não sabia onde desencantar mais espaço para guardar mais um organizador de secretária feito de papel higiénico ou mais uma moldura feita com massinhas de laços.

Claro que, como em qualquer outra celebração, o importante é o nosso sentimento para com a pessoa em causa. Um beijinho, um telefonema, uma lembrança, vale muito mais que uma prenda cara; e não só no dia ‘politicamente correcto’, mas todos os dias. Ainda assim, há quem queira aproveitar a ocasião para dar mais qualquer coisa ao seu pai preferido e é para esses que me dirijo hoje.

Sei que estamos em cima da hora, mas ainda há tempo, nada de stress (para mim própria falo). E mesmo que não haja tempo… o Dia do Pai acontece todos os anos, não é verdade? Anyway, aqui ficam algumas das minhas sugestões literárias:

Há qualquer coisa neste tipo de livros que mistura acção, thriller e mistérios relacionados com a Igreja que atrai o português comum. Os pais incluídos. O meu pai não é de ler muito mas, em altura de férias, é sempre um destes livros que escolhe para lhe fazer companhia na praia. Dan Brown e Daniel Silva são outras apostas seguras – mais o primeiro que o segundo, diz-me a experiência. Tentei uma vez Ken Follet… não resultou. Romances históricos não são mesmo para toda a gente.

Talvez o vosso pai seja daqueles que, já que tem de tirar o tempo para tal, prefere ler livros que lhe tragam de facto algum conhecimento útil; algo que lhes permita participar em discussões com algum conhecimento de causa e para a qual possam contribuir com alguma coisa. Ou então talvez goste apenas de ler livros que dão essa aparência. É aqui que entram os ensaios filosóficos e os livros ‘técnicos’ que prometem tornar qualquer leigo num quase expert do domínio, desde a economia à inteligência artificial. E mesmo que não fiquem experts, há sempre alguma coisa de útil a retirar. O saber nunca ocupou lugar.

Estes livros são para aqueles pais que gostam é de pôr em prática aquilo que aprendem – ou que pelo menos tentam. E, claro, por que não tentar passar uma ideia sub-repticiamente oferecendo uma prenda destas? Gostavas que o teu pai ajudasse mais na cozinha lá em casa? Um livro de receitas rápidas e baratas dá imediatamente essa impressão sem precisarmos de abrir a boca. Ou pelo menos deveria… 
Um clássico cai sempre bem, não é verdade? É por isso que se chama clássicos, after all; independentemente do tempo que foram escritos, as suas mensagens ou histórias permanecem intemporais para qualquer altura. O Dia do Pai é uma excelente altura para oferecer ao nosso pai o nosso clássico preferido, por exemplo. Talvez assim ele até o leia com mais afinco, numa tentativa de perceber o que naquele livro cativou tanto o seu querido filh@. Mas não sejamos sonhadores: se tudo o que o vosso pai lê com regularidade é o jornal, escusam de lhe oferecer ‘Os Miseráveis’… por muito que lhe explicam o quanto o adoram, o mais provável é que vá ficar a apanhar pó para a eternidade.
E para rematar, um bocado de humor. Porque, sejamos sinceros, depois de um dia de trabalho longo e complicado, a gente quer é descansar e ler qualquer coisa leve e relaxante. Se não souberem que mais dar, um livro humorístico cai sempre bem. Confesso que não é muito a minha praia, não me lembro de ler nada do género… mais porque nunca calhou. Tenho andado de olho nas crónicas do Ricardo Araújo Pereira, ultimamente. Se calhar, ofereço um ao meu pai, só para o poder pedir emprestado. Hum…
Espero que tenha contribuído com alguma ideia útil para vossas excelências e que pelo menos alguma coisa daqui seja do agrado do senhor em causa. Com as correrias do dia a dia, nem é sempre é fácil tirarmos o tempo para valorizar aqueles que estão ao nosso lado durante a maior (e mais importante) parte da nossa vida. Que sirva este dia para nos abrir os olhos para isso.  Se não querem dar livros, nada bate um beijo sentido ou um pequeno-almoço servido na cama (é verdade!). 
Um pai deveria ser sempre uma luz na vida de cada filho, um amigo, um apoio, um protector, uma dádiva. Para os que têm a sorte de ter um, retribuam o amor neste Dia do Pai. Para os outros, espero que encontrem o mesmo consolo nos braços de outra pessoa que melhor desempenhe o seu papel. After all, “A família somos nós que a escolhemos“. 

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