É maravilhosa a sensação de chegar ao fim do ano e não ter quórum de livros suficientes para fazer uma publicação de “piores livros do ano”. Terá sido sorte ou uma melhor curadoria da minha parte? Talvez um pouco de ambos, diria. Ainda assim, há sempre aqueles títulos que, não sendo medíocres, não atingiram as expectativas que tinha para eles, quaisquer que elas fossem, e é desses que vou falar hoje.
Convenience Store Woman, Sayaka Murata
De longe o livro que menos gostei de ler este ano, por ser tão desagradável, “abusivo” (mentalmente falando) e simplesmente difícil de me relacionar com qualquer característica da protagonista. Honestamente não me lembro de nada positivo para dizer sobre esta história. Escrevi uma publicação dedicada ao mesmo por isso recorram a ela para saberem mais.
The Little Stranger, Sarah Waters
Aborrecido, irrelevante, decepcionante. Estava com muita expectativa para ler um romance-mistério gótico, e “Little Stranger” pode de facto classificar-se como tal, infelizmente temos de penar durante muitos capítulos para ter alguma acção relevante e tudo para chegar a um final medíocre. Não o recomendo particularmente, mas leiam a minha opinião completa para mais informações.
Crónica dos Bons Malandros, Mário Zambujal
A minha infeliz estreia com este autor que tanta curiosidade me despertava. Estava à espera de um livro humorístico mas com alguma qualidade literária e, apesar de não ser terrível, esta pequena obra mais parece um guião para um filme baseado ou no “Os Malucos do Riso” ou no “Os Batanetes”. Uma grande desilusão sobre a qual podem ler mais aqui.
The Psychology of Time Travel, Kate Mascarenhas
Uma das escolhas do “Characters Club“, clube literário do qual faço parte no Discord. Não é de todo um mau livro, e estou muito contente por ter lido um livro fora da minha zona de conforto, uma vez que é um romance de ficção científica passado num mundo alternativo em que quatro mulheres cientistas inventaram uma máquina do tempo funcional. Por muito interessante que a sinopse tenha sido, a verdade é que a componente de viagens no tempo foi muito pouco explorada e a narrativa algo confusa e pouco focada. Um livro que tinha muito potencial mas que ficou aquém das expectativas e sobre o qual ainda irei escrever mais aqui no blog.
A Resignação, Luís Miguel Rocha (e outros)
É muito triste quando um livro de um dos meus autores preferidos acaba numa lista deste género. Neste caso também não é particularmente justo porque “A Resignação” foi na verdade publicado postumamente, baseado em notas e rascunhos deixados pelo Luís, falecido entretanto. É maravilhoso ter sido feito esse esforço para trazer o último trabalho do autor ao público que tanto o admirava, mas não posso deixar de sentir que foi uma obra mais fraca quando comparada com os títulos anteriores, embora seja bem compreensível o porquê. Em breve também publicarei uma resenha mais extensa sobre a obra, porque ela merece.
Falsa Testemunha, Karin Slaughter
Ainda não desisti da Karin Slaughter mas também não foi o “Falsa Testemunha” a conquistar-me. Levei comigo nas férias de Verão e foi surpreendentemente um thriller muito morno e pouco empolgante. Pouca acção, ritmo lento e um género de história que eu pessoalmente não adoro, aquele em que desde o início sabemos quem é o vilão e vamos só acompanhando cada um dos lados até ao grande confronto final. Salvam-se as duas protagonistas que deram uma grande lição sobre amor incondicional de irmãs afastadas pela vida e que forçosamente se reencontram num clima agridoce.
Cemitério de Pianos, José Luís Peixoto
Gostei de finalmente ler José Luís Peixoto (vou certamente querer ler mais) e de conhecer o nosso maratonista Francisco Lázaro. O autor claramente sabe escrever e a partir de acontecimentos reais criou uma fantasia circular a múltiplas vozes mas o que me pareceu é que nesta obra a ambição foi demasiado elevada para o resultado obtido. A pluralidade de narradores é tão confusa e indistinguível que ler um punhado de reviews nos dá a prova de que boa parte dos leitores nem sequer percebeu que personagens é que existem na história. Sobre esta obra também escreverei uma publicação dedicada aqui no blog.
Graças a Deus em 2023 não li nenhuma “bomba nuclear” nem nada que me tenha estragado o ano no que toca a leituras e por isso agradeço (a mim própria, porque sou eu que escolho os livros). Contem-me que livros vos desiludiram no ano que passou, quem sabe se não teremos alguns nomes em comum 🙂