A minha primeira leitura do grupo “Livra-te” – um clube literário organizado pelas meninas Joana da Silva e Rita da Nova – foi precisamente “O Covil de Pompeia”, um livro de que ainda hoje me parece ser pouco falado e publicitado, surpreendentemente. Já se passaram alguns meses desde esta leitura e entretanto abandonei o clube porque nunca mais me identifiquei com nenhuma das obras discutidas, mas continuo a ouvir e a recomendar o podcast porque as moças são bem divertidas e claramente apaixonadas por livros. Deixo aqui o episódio relativo ao livro se ainda não tiverem ouvido:
Tinha a perceção de que este seria mais um romance inspirado na clássica mitologia greco-romana mas afinal há apenas uma conexão muito ténue. A história ocorre no ano 74 D.C. em Pompeia, famosa cidade italiana pertencente ao antigo império romano, e vamos acompanhando o culto a divindades como Vénus e Saturno (correspondentes aos mais famosos Afrodite e Kronos na nomenclatura grega), mas nunca os deuses ou heróis mitológicos tomam qualquer parte ativa na narrativa.
As grandes protagonistas são Amara e as suas companheiras “lobas”, assim chamadas por trabalharem no lupanar da cidade, termo que designava os antigos prostíbulos da Roma Antiga e em particular um deles que ficou conhecido pelas pinturas eróticas nas paredes (que são mencionadas no livro). Com descrições bem explícitas e repugnantes do dia-a-dia das mulheres, seguimos mais de perto Amara e a sua consciência ainda esperançosa de que um dia se vai libertar e encontrar felicidade em algum lugar.
Este é o primeiro volume de uma trilogia escrita pela jornalista Elodie Harper (ainda só o primeiro título está traduzido em Portugal) e que desconfio de que não terá um final particularmente feliz, tendo em conta que a famigerada erupção vulcânica que devastou Pompeia ocorreu em 79 D.C., a meros cinco anos de distância dos acontecimentos deste livro. Mas até lá ainda devemos ter uma sequela tranquila pelo meio, onde podemos esperar coisas boas e auspiciosas para Amara, isto dentro do que de bom pode acontecer a uma escrava da Roma Antiga.
Apesar de ter sido uma boa leitura e de ter ficado relativamente curiosa com o resto da série, não foi uma experiência perfeita. Só muitas páginas adentro é que começamos a perceber finalmente para onde é que a narrativa caminha porque até então temos de desbravar múltiplos capítulos mornos onde “coisas acontecem” mas sem grande foco ou direção. É o dia a dia das pessoas da cidade, o que é interessante até certo ponto, mas não suficiente para sustentar sozinho um livro deste género.
Outra coisa que gostava de ter lido mais foi descrições e contextualização histórica. Apesar de saber o espaço e o tempo em que a obra acontece, pouca coisa específica é realmente explicada sobre a cidade: como surgiu, quem a governa, qual é o modelo de governação, como é a geografia do resto do Império, etc. Se não fossem as festividades religiosas e umas pontuais referências a hábitos da época, para mim o livro podia estar a passar-se em qualquer lugar do mundo.
“O Covil de Pompeia” foi uma leitura muito agradável em que tão depressa não pegaria se não fosse o grupo da Rita e da Joana. Sendo o primeiro livro de uma trilogia ainda há espaço para melhorar vários aspetos nos próximos volumes e eventualmente alcançar um lugar no meu coração (eu sei que já existem publicados em inglês mas vou esperar que cheguem a Portugal). Venham eles.
Corre o ano 74 da nossa Era e em Pompeia, uma das cidades mais prósperas do Império Romano, convivem lado a lado cidadãos livres, comerciantes, criminosos, escravos e senhores. Nas ruas da cidade é possível satisfazer quaisquer caprichos e desejos, e o bordel conhecido como «Covil» tem fama de responder aos gostos mais exigentes.
Vendida como trabalhadora sexual, Amara não é apenas uma das lobas que trabalham para Félix, o crápula dono do Covil – é a sua favorita. Após a morte do pai de Amara, um médico respeitado, a sua família viu-se caída na penúria e o destino da jovem foi a escravatura. Agora, depende da sua astúcia, inteligência e valentia para tentar trocar as voltas ao seu destino.
Assim, enquanto partilha os seus sonhos, entre gargalhadas e lágrimas, com as outras mulheres do infame bordel, Amara descobrirá uma cidade cheia de vida, onde as oportunidades estão ao virar de cada esquina para quem quer que tenha a ousadia de as agarrar. Terá ela a valentia e a coragem necessárias para recuperar a sua liberdade?