Opinião – “Crime num Quarto Fechado”

Um livro que encontrei por acaso numa FNAC, que me conquistou pela capa e que pertence a um subgénero literário que sei não agradar a toda a gente – um locked-room mystery (que dá o título ao livro, crime num quarto fechado). É um cliché em séries de escritores de detectives como Agatha Christie que retrata crimes que ocorrem entre quatro paredes e que parecem à partida insolúveis porque não há explicação para como alguém poderia entrar e sair de cena sem ser detetado.

Eu sou muito adepta do género policial, mais ainda do que thrillers. Adicionem-lhe uma componente de romance histórico e fico nas minhas sete quintas. É isso que podem esperar deste livro. Passado na Noruega de 1968, Lahlum relata a investigação do homicídio de um antigo primeiro-ministro conhecido por ser uma força de resistência à Alemanha nazi de Hitler na Segunda Guerra Mundial, um papel que pode ou não justificar a sua morte. O crime ocorre dentro do apartamento da própria vítima e tudo aponta para que o criminoso seja um dos próprios vizinhos do condomínio. Nada deste crime é baseado em quaisquer factos reais (que eu saiba) mas todo o contexto nos leva a aprender e talvez estudar mais sobre um período menos positivo da Noruega em que o Rei e o Governo tiveram de governar no exílio a partir de Londres devido às revoltas nacionalistas no país.

Crime num Quarto Fechado” é o primeiro livro de uma dupla de investigadores que consiste num jovem polícia competente mas pouco distinto ou interessante, apelidado de K2, e a sua assistente Miss Patricia, uma aristocrata com uma mente brilhante mas que vive reclusa e confinada a uma cadeira de rodas. Ambos só se conhecem neste primeiro volume e embora a química não seja imediata, os dois complementam-se bem e certamente que o resto da série deverá trabalhar melhor a sua relação pessoal e profissional.

O facto da história se passar nos anos 60 obriga a que ações e recursos já tão integrados no nosso dia-a-dia não possam fazer parte da investigação, tal como telemóveis, Internet ou simples bases de dados.. À falta disso, os detectives têm de exercitar as suas técnicas de indagação de pistas ou interrogatório de suspeitos de outra forma. É uma vertente diferente do que estou habituada e que gostei muito de ler, sendo uma boa escapatória da minha realidade constantemente rodeada por tecnologia e, de certa forma, facilidades.

Apesar de não ser um livro excecional, é um bom ponto de partida para uma série nórdica mais relaxada e não tão sensacionalista e brutal como outras com as quais temos sido bombardeados nos últimos anos. Espero que nos volumes seguintes se crie mais espaço para desenvolver melhor os protagonistas e se pense em finais não tão previsíveis como este acabou por ter. Gostei muito desta minha estreia e agora aguardo ansiosamente que a ASA continue a publicar (ou republicar) o autor sob estas novas maravilhosas capas que tem lançado no mercado.

4 ⭐

Num pequeno prédio em Oslo onde todos os moradores se conhecem, dá-se um crime impossível. Harald Olesen é assassinado a tiro na sua sala de estar. A arma não foi encontrada. A divisão estava fechada à chave por dentro, o apartamento vazio. Admirado por todos, Harald era um lendário herói da resistência a Hitler. É difícil imaginar quem terá cometido um crime tão vil. Mais complicado ainda é imaginar como terá sido executado.
O detetive inspetor Kolbjørn Kristiansen (também conhecido como K2) é chamado ao local. À medida que interroga os vizinhos da vítima, K2 começa a desenredar uma teia de mentiras que teme não ter fim. Felizmente, tem uma aliada: Patrícia Borchmann. A jovem está confinada a uma cadeira de rodas mas a sua mente prodigiosa não se detém perante tais limitações. Juntos, são a única esperança de deslindar este enigma aparentemente insolúvel.

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