Série “Cormoran Strike” – o que já li e o que recomendo

No que toca a colecções de thrillers e policiais parece que encontramos constantemente os mesmos títulos a ser divulgados por aí. E provavelmente com razão, por serem francamente bons. Mas hoje queria falar de uma série policial britânica que acho que merece mais atenção e que tem passado meio despercebida.

Robert Galbraith é o pseudónimo escolhido por J. K. Rowling para assinar esta série iniciada em 2013 com “Quando o Cuco chama“. A famosa autora de Harry Potter tem estado nos últimos anos sob fogo mediático depois de publicações alegadamente transfóbicas e controversas na sua conta de Twitter, continuando até aos dias de hoje a defender essas mesmas posições. Tal “incidente” desencadeou uma onda de boicote (ou “cancelamento“, como está mais na moda dizer) às suas obras, directa ou indirectamente, desde os seus livros já publicados a outros projectos que foram sendo lançados entretanto como os filmes da série “Monstros Fantásticos” ou o videojogo “Hogwarts Legacy“. Não vou opinar sobre a sobriedade deste cancelamento da autora, menciono-o apenas porque poderá ser uma explicação do porquê desta colecção não ter tanto clamor como seria de esperar. Além disso, se ainda não sabiam que este era um pseudónimo da polémica autora, poderão agora revisitar o vosso interesse na posse desta nova informação. Assim, e com este tema fora do caminho, vou tentar vender-vos uma das minhas séries policiais preferidas do momento.

Os protagonistas são Cormoran Strike e Robin Ellecott. Ele é um ex-militar dispensado do serviço depois de perder metade de uma perna no Afeganistão. Aproveitando-se dos contactos que foi fazendo na tropa e na polícia (e também no submundo do crime), despoleta a série ao inaugurar uma agência de detectives privados, onde ele é o único activo. Robin é uma estagiária que chega à agência por parte do Centro de Emprego (ou o equivalente em Inglaterra) para secretária e assistente pessoal. Jovem, linda, inteligente e intrépida, Robin almeja ela própria ser mais do que uma simples assistente e a páginas tantas junta-se a Cormoran como sócia da agência e como detective, sendo que os problemas financeiros da firma são um constante pesadelo e parte do dia-a-dia.

Uma das melhores qualidades desta série é a descrição e a ambientação de Londres e da Inglaterra no geral, uma vez que a dupla acaba por viajar bastante para fora da capital. Ainda não tive grandes oportunidades de visitar o país mas só de ler os livros já me sinto familiarizada com a Denmark Street, Picadilly Circus, Cornualha ou simplesmente com o metropolitano e chuva constante e incomodativa. Para além disso, os protagonistas, que já apresentei, têm muita personalidade e são cativantes cada um à sua maneira, mesmo sendo Strike um homem muito pouco simpático e Robin um cliché de menina bonita que não é levada a sério por causa da aparência e da idade. A relação entre os dois vai sendo gradualmente explorada ao longo dos volumes e convergindo para caminhos que nem os próprios nem o leitor esperam ou imaginam sequer onde vá parar. De certa forma, acho que todos ansiamos pelo mesmo final, mas ao mesmo tempo sabemos que é um ponto sem retorno que pode deitar muito a perder.

Robin e Cormoran na série “Strike“, adaptação dos livros iniciada pela BBC One em 2017

Os crimes são de forma geral intrigantes e originais, deixando sempre espaço para especulações e teorias que se revelam infundadas. Claro que alguns ficaram mais favoritos do que outros mas de forma geral são histórias de grande qualidade. Pessoalmente, gosto de policiais longos que levantam o véu paulatinamente e que dão possibilidade de irmos formulando múltiplas hipóteses, mas compreendo que 800 páginas seja exagero para muita gente – infelizmente, olhando para os últimos volumes, essa parece ser a tendência de tamanho das obras (o que para mim está óptimo). Independentemente do número de páginas, as histórias têm sempre uma dose equilibrada entre o mistério principal e a vida pessoal dos protagonistas, o que também nos permite reforçar os laços com as personagens e querer voltar para ficar a saber mais sobre os seus dramas particulares, que são bastantes.

A série Cormoran Strike é mesmo uma das minhas preferidas da actualidade e espero que esteja para durar. Gostava de fazer uma opinião mais individual das obras mas confesso que as primeiras já li há vários anos e não conseguiria ser tão rigorosa como gosto de ser nas minhas publicações. Tenho, no entanto, ainda bem presente de quais é que gostei mais, por isso deixo de seguida o meu top ordenado da série, a quem interessar:

1 – Sangue Turvo (#5)
2 – Quando o Cuco Chama (#1)
3 – Branco Letal (#4)
4 – O Bicho-da-Seda (#2)
5 – A Carreira do Mal (#3)

Ainda assim, a minha recomendação é que leiam por ordem porque é muito interessante ir acompanhando o desenvolvimento da agência e das personagens. Mas façam como quiserem. O sexto livro da série, “Coração Negro como Tinta” já foi entretanto publicado em Portugal, mais um monstro de quase mil páginas e um livro bem caro mas que me deixa cheia de curiosidade. Digam-me se já o leram e o que acharam. Entretanto, a autora também já anunciou um sétimo volume, “The Running Grave“, que há-de chegar cá também algures no futuro, presumidamente. Parece-me estar tudo encaminhado no que toca à publicação da série e isso deixa-me muito descansada e entusiasmada. Espero que haja mais gente assim desse lado e que a colecção vá angariando cada vez mais e mais fãs!

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