“The Little Stranger”, de Sarah Waters (fraquinho, fraquinho)

Se nem quando sou obrigada a passar 8 horas em aviões arranjo vontade para acabar um raio e um livro, algo tem de estar de facto muito mal com ele…

Honestamente já nem me lembro como é que este livro me veio parar à biblioteca do Kindle. Talvez ou por recomendação de uma booktuber ou porque simplesmente o apanhei bem barato numa das minhas incursões à secção dos descontos diários da Amazon. Seja como for, esta foi uma daquelas raras leituras em que escolho um título aleatoriamente sem nada saber sobre ele, nem mesmo a sinopse, que é algo que eu leio sempre religiosamente. Mas, sendo já sincera, acontece tão pouca coisa nestas 500 páginas que nem faço ideia do que é seriam capazes de inventar para lá escrever. Mas vamos ao essencial.

Inglaterra, condado de Warwickshire, décadas de 50 e 60 do século XX. O médico da província, Dr. Faraday, é chamado excecionalmente a Hundreds Hall, mansão de uma antiga família aristocrática que na atualidade luta para não cair em decadência ao tentar encontrar uma posição neste país pós-guerra onde classes sociais deixaram de ter os estatutos de outrora. A partir daí, e fruto do acaso, Dr. Faraday vai convivendo mais e mais com os habitantes da casa: a viúva do Coronel e os seus dois filhos adultos, Rod e Carolyne, esta última uma moça surpreendentemente pouco elegante ou cândida mas que não passa despercebida ao médico.

Classificado como “romance gótico“, a encenação e as personagens são de facto descritas como tal, e é muito fácil imaginarmos a degradação daquele quase castelo e o quão deslocadas estão aqueles aristocratas numa sociedade que já não os sustenta. Resta-nos então aguardar pelo enredo, pelo mistério e até pelo paranormal que é tão característico deste género. O problema é que a espera é bem penosa. Pontualmente, a autora levanta o véu sobre o sinistro que assombra os habitantes de Hundred Hall mas para lá chegar temos de passar por muitos longos capítulos que não progridem a história de maneira nenhuma.

A parte já final do livro foi para mim um pouco agridoce. Por um lado, o enredo ganha tração, começamos finalmente a ver algum desenvolvimento e até a conectar alguns pontos. Por outro lado, personagens que até então me tinham despertado alguma simpatia recebem uma inesperada lavagem de imagem e começam a agir fora de carácter sem que nada o justifique (ou pelo menos para mim não ficou claro que alguma coisa tenha despertado esses comportamentos para além da necessidade de adicionar drama à história). Para além disso, tenho de referir o facto de o final ser relativamente aberto, o que eu sei causar urticária em alguns leitores (não é o meu caso, embora eu gostasse de ter tido mais algumas respostas).

“The Little Stranger” (que aparentemente já esteve publicado em Portugal sob o nome “O Indesejado“) é um livro banal do qual me vou esquecer depois de publicar este artigo, mas o seu maior pecado é mesmo ser demasiado longo, arrastado, aborrecido e inconsistente. Não funcionou para mim, mas já ouvi opiniões mais positivas de outros livros da autora e, por isso, quero acreditar que isto foi só má sorte na escolha do livro. Melhores virão.


Num Verão poeirento depois da guerra, na zona rural de Warwickshire, um médico é chamado para ir ver uma doente a uma casa isolada chamada Hundreds Hall. É nela que vive a família Ayres há mais de dois séculos. A casa de traça georgiana, outrora bela e imponente, está agora em declínio, com a alvenaria a cair, os jardins sufocados pelas ervas e o relógio do estábulo parado para sempre nas vinte para as nove. Os seus proprietários — mãe, filha e filho — tentam adaptar-se a uma sociedade em mudança, e apaziguar os seus próprios conflitos. Mas estarão os Ayres assombrados por algo mais sinistro do que um modo de vida que está a desaparecer?

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