Mariana Leal Em momentos de “ressaca literária” o que me tem calhado mesmo bem são uns bons livros de mistério como a Agatha Christie tão bem soube escrever. E nem me faz diferença que venham já com cheirinho a Natal. Estes dois últimos que li foram tão curtinhos e medianos que decidi juntá-los na mesma publicação, ora leiam:
A Visita Inesperada
Certamente que já ouviram falar n’ “A Ratoeira“, a peça de teatro mais famosa da autora e que até em Portugal tem tido múltiplas representações ao longo dos anos (eu tive o prazer de assistir o ano passado em Coimbra). Essa será a mais conhecida mas não foi a única, Agatha Christie escreveu múltiplas peças e uma dessas foi, exactamente, este “The Unexpected Guest“. É uma obra muito curta em que acompanhamos um viajante chamado Michael que entra numa casa para pedir auxílio após um acidente de automóvel e se depara com algo inesperado: um homem jaz morto na sala e uma mulher atónita segura um revólver a poucos metros dele. Inebriado pela beleza da mulher, os dois aliam-se para construir um cenário falso que leve a polícia a incriminar outro sujeito que também habita na casa. Serão bem sucedidos?
É uma obra com poucas páginas que se lê num par de horas e que talvez por isso não me tenha impactado tanto como outros livros mais extensos e com mais tempo para desenvolver personagens e carácteres. É um problema que eu tenho com livros pequenos no geral. Mas, apesar disso, “A Visita Inesperada” tem um bom ritmo e deixa-nos colados até literalmente à ultima página para desvendarmos o mistério na íntegra.
A Aventura do Bolo de Natal
As minhas experiências com livros de contos da autora não têm sido incríveis mas esta colectânea tem a vantagem de incluir apenas Hercule Poirot e Miss Marple como protagonistas das histórias. Gosto muito de ambos, com um especial fraquinho pela velhota perspicaz que, infelizmente, nesta edição só teve direito a um conto. Se forem fãs como eu, provavelmente gostarão mais do livro “Os Treze Enigmas“, o primeiro título dedicado só e apenas a Miss Marple.
Os dois primeiros contos são os mais longos e, portanto, aqueles de que gostei mais, pois dá-nos mais tempo e material para conjecturar. Para além desses, “O Sonho” também me surpreendeu pela positiva. De forma geral, são boas histórias mas prefiro ver esta dupla de detectives em narrativas mais longas. Sei, ainda para mais, que alguns (se não todos) destes contos foram muito bem adaptados para a famosa série de TV “Poirot“, com David Suchet. Lembro-me vividamente das adaptações dos “O Mistério do Baú Espanhol” e “O Oprimido” por serem tão fieis e ao mesmo tempo por engrandecerem ainda mais as personagens que no original são privadas de grandes desenvolvimentos. Diz-se corriqueiramente que “o livro é sempre melhor que o filme”, mas neste caso digo com convicção que a série de TV ultrapassa em grande estilo o argumento original.