Seria maravilhoso se 2024 tivesse sido imaculado em termos de leituras mas isso também seria sinal de conformismo e de poucas incursões em géneros e autores que não são favoritos e a diversificação é importante. Felizmente são muito poucos os livros que considero maus (e sim, existem maus livros!) e por isso tenho renomeado estas publicações para apenas “desilusões“. Depois do meu pequeno Top 5 de melhores leituras trago hoje as leituras que ficaram aquém das expectativas, uma lista talvez mais extensa do que aquilo que desejaria.
Mais uma vez peço desculpa pela falta de opiniões completas para cada obra, continuo atrasada nas publicações mas prometo que elas virão!
6 – Limões na Madrugada – Carla M. Soares
Já tinha ouvido falar há vários anos da Carla M. Soares mas mais relacionado com os seus livros anteriores dentro do género do romance histórico. Não sei o que me levou a começar com “Limões na Madrugada” mas não foi de todo uma boa estreia. É um pequeno romance contemporâneo que em termos de história não traz nada de novo nem empolgante. Salva-se a escrita da autora, que é muito boa, e é o que mantém a minha curiosidade para conhecer os outros livros da sua bibliografia.
5 – Andar À Trela – Paulo Fernandes
Sou uma velha num corpo de jovem e por isso é óbvio que a minha rádio de eleição é a M80. Quando saio de casa de manhã durante a semana é sempre a ouvir as Manhãs com o Paulo Fernandes, a Elsa Teixeira e a Susana Romana. Gosto muito do Paulo, gosto muito de cães e por isso achei que ia gostar muito de ler esta novidade. Não aconteceu. O livro é muito básico, por vezes infantil até, desorganizado e com clara falta de mais edição. Ainda bem que o Paulo é um excelente locutor de rádio porque se estivesse dependente da escrita provavelmente não se safaria tão bem. Mas sei que na vida real ele ajuda muitos cães e famílias e isso é que interessa!
4 – O Demónio das Águas Sombrias – Stuart Turton
Eu e praticamente toda a gente adorou “As Sete Mortes de Evelyn Hardcastle“, o primeiro livro do autor, um mistério que envolve viagem no tempo (como o filme “Groundhog Day“) e uma resolução muito original. Esperava que este segundo livro me agarrasse da mesma maneira mas acabou por ser uma grande seca, com personagens detestáveis ou simplesmente desinteressantes e uma conclusão cheia de acção descabida e uma resolução anticlimática. Entretanto já saiu em Portugal o terceiro livro do autor mas dadas as más opiniões que tenho lido acho que Stuart Turton é um nome a que não vou voltar tão cedo.
3 – O Adeus às Armas – Ernest Hemingway
Tomem lá um clássico, só para não acharem que sou dessas elitistas que acham que tudo o que foi publicado por homens há mais de cinquenta anos é de excelência. Nunca tinha lido Ernest Hemingway, nem mesmo o pequeno “O Velho e o Mar” que tenho cá em casa e que hei-de ler com certeza mais tarde ou mais cedo. Já tinha visto este romance passado na Primeira Guerra Mundial a ser exaltado em várias opiniões, incluindo o facto do autor americano o ter escrito quando tinha apenas trinta anos. Esse é de facto a única coisa que ressalvo na obra, o facto de estar muito bem escrita, porque tudo o resto é aborrecido, desinteressante e amorfo. Os protagonistas não têm química nenhuma, a acção é mínima e na verdade não se aprende muito sobre a guerra em si. O livro não é grande e ainda assim parecia que nunca mais acabava.
2 – A Mulher do Médico – Daniel Hurst
Tudo neste livro é fraco, desde o título à capa e à história. Tudo me desiludiu neste thriller. Se me tivessem dito que foi originalmente publicado em 1990 eu acreditaria, porque é uma história que nessa altura talvez fosse capaz de surpreender alguém. Pelos primeiros capítulos do livro deduzimos logo tudo o que se passou mas ainda assim avançamos porque de certeza que terá de haver uma ou outra reviravolta. Mas não há. É o básico dos básicos. E se calhar é essa a maior reviravolta da trama, é ser tão simples. Não me convenceu, foi uma perda de tempo.
1 – A Noiva Judia – Nuno Nepomuceno
E pensar que uma série começou tão bem e acabou tão mal. Eu adorei “A Célula Adormecida” e “Pecados Santos” quando saíram, “A Última Ceia” ainda gostei mas daí para a frente o Afonso Catalão, para mim, foi em queda livre. Mas este último livro foi flagrantemente inferior aos percursores, com um crime sensaborão, uma trama muito mal explicada e personagens em excesso só para forçar uma “reunião de casting” para o adeus final. O Nuno continua a escrever bem e com pontadas de humor que eu aprecio mas em termos de história a obra foi totalmente desprovida de alma. Não sei se houve algum conflito criativo entre o autor e a editora mas desde então que não ouvi mais novidades dele e pela nota final do livro pareceu-me que possa ter havido alguma clivagem no processo de publicação da série. Não quero aventar nada. Foi uma grande desilusão, mas a boa notícia é que depois de batermos no fundo só podemos ir para cima!