Já se sabe que há por aí muito fã de Hercule Poirot, o célebre detective de bigode e cabeça em forma de ovo, mas acho que está na hora de começarmos a dar mais amor à discreta Miss Marple. Solteirona já de alguma idade, Jane Marple leva uma vida pacata numa aldeia inglesa mas o seu olho clínico e as experiências corriqueiras a lidar com as personalidades da sua terra deixam-na capacitada para resolver crimes mais depressa do que a própria polícia. Muito similar ao Father Brown, outro personagem de livros de mistério que conheci recentemente e que também aplica o seu conhecimento sobre o pior da natureza humana que a sua profissão lhe dá a conhecer para colocar bandidos atrás das grades.
Este foi o segundo livro publicado por Agatha Christie onde Miss Marple é a protagonista (exceptuando livros de contos). Acompanhamos a investigação da polícia local depois do corpo de uma moça misteriosa ser encontrado na biblioteca do casal Bantry, que alega não conhecer a vítima, a quem cedo se junta uma curiosa Miss Marple chamada clandestinamente pela criada da casa para resolver o mistério.
Eu já tinha conhecido a personagem em “Crime no Vicariato” mas só fiquei totalmente rendida a ela no livro de contos “Os Treze Enigmas“, que continua a ser o meu preferido. A minha principal queixa em relação a este livro vem no sentido de a própria Miss Marple ser praticamente uma presença secundária, com tão pouca intervenção e destaque que este poderia ser um livro sobre um qualquer outro detective amador. Os detectives oficiais não são estúpidos, felizmente, e muito provavelmente acabariam por resolver o caso eventualmente, Miss Marple deu só o empurrãozinho para a coisa avançar mais depressa. O que honestamente lhe tira importância e mérito, e me leva a questionar a decisão da autora de dedicar uma série a uma personalidade que aparece tão pouco. E digo isto tendo já lido depois deste “Um Corpo na Biblioteca” um outro livro da colecção em que o mesmo acontece. Espero que não seja um padrão desta personagem que auspicia muito potencial e tem sido tão mal utilizada.
Assim sendo, não é dos livros mais memoráveis que li da Agatha Christie. O crime não é incrível e o rol de personagens também não se destaca. O mais gravoso desta obra é mesmo o facto de deixar de lado aquela que deveria ser a protagonista para se tornar quase um cameo. É Agatha Christie e por isso não é um livro que não recomende, mas nunca como um título prioritário ou imprescindível.
Nunca li, mas gostava muito de começar a ler esses livros!
Se gostas de policiais, não há como não gostar de Agatha Christie 😀